sábado, 21 de novembro de 2015

Cidadania Portuguesa?

Aqui no Rio de Janeiro é comum encontrarem-se descendentes de Portugueses: filhos, netos ou bisnetos. Quando se troca meia dúzia de palavras com alguém que nota o sotaque "diferente" que possuo, a conversa vem à baila: "Você é Portuguesa? Já estive em Portugal / Meu pai é Português / Quero muito ir a Portugal / ..." Claro, também há alturas em que a conversa nem sempre corre bem, mas retomemos o foco: as origens Portuguesas. Existem algumas possibilidades de obtenção da cidadania Portuguesa, uma delas é o facto de se ser descendente de Portugueses. 
Um destes dias participei num evento bem simpático, onde proliferavam ideias novas, produtos bonitos e comida saborosa. Depois de dada a voltinha da praxe para sondar os expositores, escolhi um produto para testar. Dirigi-me ao espaço, fiz o pedido e fui atendida de forma simpática. Contudo, a dada altura dou-me conta de que o colaborador que me atendia estava muito preocupado em encontrar palavras para me saudar, para me agradecer, para me perguntar se tinha nota mais pequena. Ele sorria, mas mostrava-se nervoso, oscilando entre o Português, o Espanhol e o "Portunhol". Com os meus botões, pensei: "querem ver que esta criatura  ainda não percebeu que eu TAMBÉM falo Português?" Entretanto as minhas feições foram passando de "simpática" a "tensa" pois se há coisa de que não gosto é de gente ignorante (sim, isto que aconteceu foi ignorância!). Começámos a conversar enquanto o meu pedido era preparado. Ainda numa língua que nem o próprio já não sabia qual era, faz a pergunta-chave: "De onde você é?" "Portugal", respondi. Bem, tentando a graçola, o moço responde: "Ué, então por que estou falando com você em Espanhol?". Óbvio que lhe respondi - de forma mais educada do que me apeteceu: "O senhor é que sabe". Conversa puxa conversa e ressaltaram algumas conclusões ao que se seguiu:
- o senhor dizia ter passaporte e "carteirinha" Portuguesa. Eu explico: não é "carteirinha", criatura! Chama-se "cartão de cidadão" e está escrito no próprio documento.
- o senhor disse que obteve a nacionalidade porque o avô era Português do "interior de Portugal." Sim, mas a criatura não sabia nem o nome da aldeia do avô!
- o senhor disse que já tinha estado em França, Holanda, Inglaterra, Espanha. Ok, Portugal serviu mesmo "só" para a obtenção de nacionalidade e para depois poder usufruir de todas as vantagens de se ser cidadão europeu, não é?

Começo a achar que conceder a nacionalidade "ad hoc" é demasiado redutor.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Circulando, circulando.

aqui falei de como nem sempre é fácil gerir a emoção quando se anda de transporte público. Todavia, poderia acrescentar que quem fala em transporte público, fala em transportes, em geral. Eu confesso: tenho medo de andar de automóvel no Rio de Janeiro. Não se pense que sou medrosa, mas há coisas que, não dependendo de mim, me fazem mais receosa do que me rodeia: ultrapassagens pela direita, desrespeito pelas prioridades, desrespeito pelo sinal vermelho - desrespeito da parte de automobilistas e peões, leia-se! -, circulação em sentido oposto ao permitido (sim, já vi, ainda que uma só vez). Ah, não esquecendo - claro - os excessos de velocidade, as travagens em cima do condutor da frente ou, no caso dos motociclistas, a não utilização do capacete.
Não será de estranhar, como está bom de ver, que todos os dias se vejam cenários como o da foto. Alguns com feridos e/ou mortos, infelizmente.
Não se estranhe algo que também já presenciei várias vezes: os bate-boca entre automobilistas. Sim, ou porque ultrapassou sem dar sinal, ou porque fez isto, ou porque fez aquilo. Houve uma vez em que os motoristas dos veículos ligeiros encostaram as viaturas e depois se dedicaram a "acesa" discussão, com ameaças físicas para ver quem seria o mais forte.
Portanto: "quem avisa, vosso amigo é".
Neste dia não estava ninguém a passar no local. Foi na esquina de casa, pouco antes de sairmos para o trabalho.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Medos.

Todos nós temos pequenos ou grandes medos. Sejam de cariz mais familiar ou individual, a verdade é que, mesmo podendo não ser medrosos, há situações que nos podem fazer gelar.
Depois de 2 anos de Rio, a verdade é que há um medo (não no sentido mais dramático da coisa, mas ainda assim) que se tem vindo a intensificar: o dos assaltos. Já presenciei vários pequenos furtos, já fui eu própria vítima de uma tentativa de furto, mas, a verdade é que o facto de que toda a bendita semana haver  mais um assalto a ônibus, a pedestre, a ciclista, arrastão na estrada me faz perguntar: até quando tudo isto? Enfim, um sem número de situações que o nosso pequeno país à beira mar plantado também tem, mas que ainda assim não me parece que seja de carácter tão regular. 
Hoje foi mais um dia com meia dúzia de assaltos com armas, em plena luz do dia, em horário de trabalho e em zonas de grande fluxo de pessoas. Alguns destes assaltos resultaram em mortes. Todos, acredito, resultaram em grandes sustos e temores. O facto de nos apontarem uma arma - seja ela ou não de "brincar" - tem tudo de assustador: não sabemos se efectivamente vão disparar. Além do medo de eu ou alguém próximo poder ser alvo de assalto, assusta-me também a ideia de que poderemos ser vítimas de balas perdidas - algo muito comum por aqui!
Não, Rio de Janeiro não é cidade em guerra civil. Mas, às vezes parece!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Refeições: as quentinhas.

Para quem já esteve no Brasil, mais concretamente no Rio de Janeiro, sabe que proliferam os restaurantes de comida a peso. Outro dos fenómenos que também é muito comum é o das "quentinhas" (marmitas). Trata-se de pequenas porções de comida levadas pelos trabalhadores brasileiros em potes ou embalagens metálicas, às vezes de forma improvisada, e também é o nome das refeições servidas nas prisões brasileiras (via "wikipédia"). Não raramente se vêem carros na rua a distribuir as "quentinhas" aos vários trabalhadores da zona, que os mesmos pagam a um preço muito mais reduzido do que o comum nos restaurantes. Nalguns casos, há quem chame também "quentinha" à refeição que não se consome na totalidade no restaurante e que se pede para guardar e levar para a viagem (para casa).