sexta-feira, 12 de junho de 2015

Os dias 12 do mês de Junho.

Para mim, Portuguesa e longe das atuais paragens durante muitos anos, o dia 12 tem tido o mesmo significado que os outros dias do calendário: é apenas mais um dia. Ou melhor, "era".
Multidão presente em Copacabana no dia do jogo inaugural
(Crédito da foto: ANFS)
"Era" até ao ano passado, altura em que o dia 12 de Junho teve a capacidade de fazer um apagão generalizado da memória coletiva brasileira, em nome de uma "religião" com seguidores espalhados pelos quatro cantos do Mundo, em geral, e pelo Brasil, em particular. Enfim, falo do futebol! 12 de Junho de 2014: data do início do Campeonato do Mundo de Futebol, no Brasil. Tudo estava encaminhado para correr mal: os comentários pré-campeonato eram sintoma de que uma catástrofe iria acontecer - os estádios não estariam prontos, as infraestruturas de apoio estavam totalmente desadequadas e, em muitos casos, não prontas, o povo iria revoltar-se, em manifestações violentas semelhantes às de 2013. Enfim: seria a verdadeira vergonha nacional.
Multidão presente em Copacabana no dia do jogo inaugural
(Crédito da foto: ANFS)
A monumental vaia à Presidente Dilma, no jogo inaugural, na Arena Corinthians, bem como algum descrédito dado ao desempenho dos artistas da bola em sua casa só vinham colocar mais lenha na fogueira.
Seguramente que houve muita coisa que correu menos bem e que muito se poderia discutir sobre a pertinência desse Campeonato do Mundo de Futebol. Contudo, o que vi no Rio de Janeiro foi uma enorme e colorida festa ao longo de todo o período em que decorreu o Campeonato. Houve aspetos menos positivos? Sim, vários. No entanto, as previsões mais catastróficas não aconteceram. Ou melhor, aconteceram: o Brasil não foi campeão :)

Mas, o dia 12 tem ainda outro significado para o povo brasileiro: é neste dia que se comemora o dia dos Namorados. Para quem desconhece, trata-se, comercialmente falando, de uma data com uma expressão de vendas apenas comparável com as do Natal e do Dia das Mães (esta é uma data muito vivida, no Brasil). Infelizmente, ao que parece, este ano as previsões de vendas são aterradoras, fruto do mau clima económico que atravessa a sociedade brasileira.
Uma das imagens do filme "Ônibus 174", de José Padilha.
Por fim, mas não menos importante: o dia 12 de Junho representa igualmente o dia do terror. Faz hoje precisamente 15 anos que o Rio de Janeiro viveu um dos seus dias mais negros e inesquecíveis: sequestro ao ônibus 174, junto ao Jardim Botânico. O sequestro foi levado a cabo pelo sobrevivente da chacina da Igreja da Candelária, Sandro do Nascimento. Muito se discutiu sobre as motivações deste incidente, bem como sobre a atuação da força policial. Há quem não hesite em referir que este foi um dos grandes casos que envergonhou a polícia militar do Rio de Janeiro e que, fruto disso, conduziu a alterações mais ou menos profundas na forma de atuação da mesma. De recordar que no momento da saída do sequestrador do ônibus, um dos policiais alegadamente errou no destinatário dos seus tiros: foi morta a refém que servia de escudo ao sequestrador - um dos tiros, alegadamente feito pelo policial, os outros três, feitos pelo bandido. O sequestrador foi preso pela polícia no próprio dia e logo após o tenso momento de troca de tiros, mas acabou por morrer por asfixia na viatura que o levava até ao cárcere. Os policiais acusados pela sua morte foram julgados e declarados inocentes.

Numa altura em que se discute a questão da redução da maioridade penal no Brasil e do aumento generalizado da violência no Rio de Janeiro, não deixa de ser irónico recordar este episódio...

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