sexta-feira, 22 de maio de 2015

Espanhol, francês ou língua linda demais.

Algo que muitos de nós repara quando chega ao Brasil é que nem sempre somos compreendidos (no que diz respeito ao nosso discurso, entenda-se). O famoso "oi" ou um "não entendi" são quase sempre fórmula de saudação. Perante este facto, restam-nos duas soluções: respirar fundo e falar um pouco mais devagar ou, sempre que necessário também, adaptar o discurso. Reconheço que, quanto à adaptação do vocabulário ou tropicalização da fala, não existe consenso entre as pessoas com quem tenho privado. Contudo, sou a favor de que se adapte o discurso para que haja entendimento na comunicação. Não sou adepta, contudo, de renegar as origens: é possível a adaptação efectiva ao Brasil, sem necessidade de se ridicularizar com tentativas vãs de "abrasileirização".
Crédito da foto: desconhecido (retirada da internet).
A propósito, não me canso de lembrar uma conversa passada com uma Portuguesa. Dizia-me que, sempre que necessário, mudaria o chip para poder ter conversas com Brasileiros. Obviamente que sou a favor, sobretudo quando se trata de condicionantes laborais, como era o caso.
Ora, ultrapassada a primeira fase do problema linguístico, seguem-se novos episódios, quase sempre acompanhados de comentários como "você fala que língua?", "você fala uma língua estranha", "oba, você já fala português muito bem" (isto depois de alguma tropicalização linguística) ou outros que tais. Quem nunca passou por algum destes episódios que se acuse!

Bem, mas quando pensava que já tinha visto tudo, o pior aconteceu (e não raramente, repetiu-se):

Atendente (colaborador de loja) - "Oi, boa tarde. Precisando de ajuda?"
Eu - "Boa tarde. Sim: precisava de umas Havaianas, pretas simples, tamanho 37 europeu."
(medo, tenham muito medo)
Atendente (hesitante e confuso sobre a melhor forma de abordar este cliente especial)- "Claro. Te voy a ayudar"
(terror: devo ter ouvido mal, pensei)
(alguns minutos mais tarde...)
Atendente - "Aqui están las Habaianas"

Claro que, quase em estado de enfarte eminente, agradeci e já não quis Havaianas nenhumas (às vezes também tenho mau feitio!).

Mas que raio foi aquilo?!!?!! Um coisa é dizerem que não me percebem. Outra, bem diferente, é falarem com uma cidadã portuguesa, utilizando uma mistura de espanhol (ou coisa parecida!), francês ou assim-assim, só porque não percebem que português de Portugal e português do Brasil são muito parecidos?!
Só a mim é que isto parece mais do que "desatenção"?

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Entendo essa dificuldade de mudança de chip como chauvinismo mental, seja propositado, inusitado, ou motivado por pura imbecilidade.
    Na verdade, tenho uma amiga espanhola que NÃO CONSEGUE entender-me, jamais se falar em português. Eles não sabem mudar o chip.
    Os "tugas" conseguem.
    Quanto aos Brasileiros, creio que estarão na posição dos espanhóis, que estão no mesmo patamar dos franceses ou dos alemães.

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    1. Os Portugueses já foram "donos do Mundo". Será que isso terá algo a ver com esta facilidade de mudança de chip? Abraço.

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